As pessoas se
acostumaram com o modelo do paraplégico sentado numa cadeira de rodas, bem
penteado e arrumado, mas não imaginam que exista toda uma infra-estrutura
envolvida e que a maioria, (mais de 85% dos casos), não tem condições de arcar
com os custos de um tratamento. Para os que não sabem, paraplegia mata! Não a
deficiência em si, mas as seqüelas associadas à lesão. Os paraplégicos
deparam-se com uma vida de grande incapacidade, requerendo acompanhamento e
cuidados contínuos, e a experiência de inúmeros profissionais de saúde, por
toda a vida. Complicações de sepse (infecção), são uma importante causa de
morte nos paraplégicos, permanecendo o risco pelo resto de suas vidas.
Edemas nos membros inferiores, contraturas articulares, problemas
respiratórios e dor. O déficit neurológico é permanente e novos problemas de
saúde podem desenvolver-se: osteomielite, fístulas e espasmos musculares,
sensibilidade profunda, descontrole vesical e intestinal. Isso tudo, além de
perda da função e da sensibilidade sexual, em grande parte das lesões. A
imobilidade leva a ruptura cutânea (úlceras de decúbito, ou escaras) e,
infecções urinárias por toda a vida. — Sei que muitas serão as interpretações
de meu texto. Por mais contundente que pareça, já era a hora e o momento de se
fazer conhecido nosso real sofrimento. Apesar de polêmica, defendo uma linha de
pesquisas na qual sejam utilizados voluntários, quer em terapias e/ou cirurgias
experimentais. — Cito exemplos: 1º transplante de coração, 1ª cirurgia de
múltiplos transplantes de órgãos, 1º transplante de pulmões, rins, fígado e
outros. Até mesmo cirurgias complexas, de alto risco, como a separação de
gêmeos siameses. Senhores: tudo é questão de iniciativa; falta apenas um precedente.
Não existe
progresso sem sacrifícios, nem cura sem voluntários em terapias e/ou cirurgias
experimentais. Terapias promissoras de regeneração envolvem a manipulação de
células-tronco embrionárias, sim. Células-tronco adultas não se transformam em
neurônio é um fato! Não se pode frear a ciência. O que está ocorrendo
é o adiamento do inevitável. Eu sou voluntário, sou cobaia, fiz a minha
escolha, e você amigo leitor qual seria a sua escolha?
“A dor é uma
experiência individual, ela desperta sentimentos diferentes em pessoas
diferentes.”
Obrigado, Ricardo Monclair