Ricardo
Oliveira (Monclair). Em 6 de junho de 1999, aos 29 anos, ao voltar para a casa de
moto, cruzei com um “bonde de traficantes” que roubava carros num sinal de
trânsito. Um dos marginais ao me avistar, após eu ter saído de uma curva
próxima, correu em minha direção e, sem dizer nada, começou a disparar sua
arma. Infelizmente um dos tiros acertou-me logo abaixo da axila esquerda,
fraturando quatro costelas, lesionando duas vértebras e perfurando os dois
pulmões. Mesmo assim não caí da moto e fugi em disparada. Alguns metros
adiante, meus pés saíram das pedaleiras e as pernas ficaram totalmente
estáticas e rígidas. Naquele instante, percebi que o tiro tinha acertado minha
coluna vertebral e, apesar do corpo dormente e formigando do peito para baixo,
continuei conduzindo a moto, mas logo o desespero tomou conta de mim. Subi em
uma calçada, freei e caí. Uma vez no chão, olhei para o céu e, como em um
filme, o futuro passou por minha cabeça: tudo o que imaginei naquele instante
aconteceu e vem acontecendo até hoje.
Após
28 dias em coma, acordo paraplégico! Minhas pernas, frias como o mármore...
Observava meus pés, e notava que os dedos começavam a se dobrar, estavam
começando a atrofiar. Usava fraldas e uma sonda para urinar. Alimentava-me
através de sonda também. Na hora do banho viravam-me de um lado para o outro e
ainda assim feridas abriam pelo corpo, sentia-me um boneco fantoche num teatro
de horrores. - Aprendi rápido que ficar paraplégico é passar uma humilhação a
cada dia. Não existe essa de vida quase normal. Treze anos se passaram, sempre
acreditando que hoje será melhor do que foi ontem. Ergui minha cabeça olhei
adiante e determinei que as situações extremas me levariam a superação. Não
permito que a rotina me acomode e que o medo me impeça de tentar. E vencer a
minha paraplegia tornou-se minha obstinação!
e-mail:
ricardomonclair@gmail.com
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